Uma história que, embora parecendo,
nunca chegou a ser estória.
Deitado em teus braços
Deitado em teus braços
Brilhavam tão reluzentes
Naquele dia os teus sois
Que, cegando os meus,
Não via o destino dos dois.
Já abrigado na tua sombra,
Via-me num verde monte
Por entre muitas árvores
Que me cobriam a fronte.
Fitei o teu fino tronco,
Bailando ao som do vento.
Volúvel, ele se adaptava
A todo o meu movimento.
Os teus ramos eram longos
E a tua folhagem densa.
Davas-me guarida e sombra
Que às outras mais intensa.
Traída outra vez a vontade,
E naqueles ramos envolvido
Fecharam-se de novo os sois
Para neles ficar adormecido.
Toda a tarde naquele verde.
Toda a tarde de ti cativo
Num madeiro de carne e osso,
Naquele tronco fino e vivo.
Acordei e quis libertar-me.
Mas preso nos teus ramos
Se me apertou o coração
E naquele abraço ali ficamos.
Era noite e ainda lá estava.
Sentia-me quase a sufocar.
A tua folhagem me cegava
E nada via mais que o luar.
Depois de me deixar vencer
E tirares a minha semente,
Parti errante no escuro,
Qual fraco e perdido ente.
O arrependimento de ali estar
Limpou a minha consciência.
Contudo, não foi suficiente
Para limpar a consequência.
Hoje, ao longe, vejo o verde.
Aquele verde e fresco manto
Onde estava a frondosa árvore
Que me causou grande espanto.
Brotou então a minha semente.
Corre agora a minha seiva nela.
Cresce no meio daquele verde,
Cresce verde, cresce junto dela.
Na linha do tempo me achei
Perdido nos teus longos laços.
Perdi-me para me encontrar
Assim deitado em teus braços.
Karau_Timur, 2007
Naquele dia os teus sois
Que, cegando os meus,
Não via o destino dos dois.
Já abrigado na tua sombra,
Via-me num verde monte
Por entre muitas árvores
Que me cobriam a fronte.
Fitei o teu fino tronco,
Bailando ao som do vento.
Volúvel, ele se adaptava
A todo o meu movimento.
Os teus ramos eram longos
E a tua folhagem densa.
Davas-me guarida e sombra
Que às outras mais intensa.
Traída outra vez a vontade,
E naqueles ramos envolvido
Fecharam-se de novo os sois
Para neles ficar adormecido.
Toda a tarde naquele verde.
Toda a tarde de ti cativo
Num madeiro de carne e osso,
Naquele tronco fino e vivo.
Acordei e quis libertar-me.
Mas preso nos teus ramos
Se me apertou o coração
E naquele abraço ali ficamos.
Era noite e ainda lá estava.
Sentia-me quase a sufocar.
A tua folhagem me cegava
E nada via mais que o luar.
Depois de me deixar vencer
E tirares a minha semente,
Parti errante no escuro,
Qual fraco e perdido ente.
O arrependimento de ali estar
Limpou a minha consciência.
Contudo, não foi suficiente
Para limpar a consequência.
Hoje, ao longe, vejo o verde.
Aquele verde e fresco manto
Onde estava a frondosa árvore
Que me causou grande espanto.
Brotou então a minha semente.
Corre agora a minha seiva nela.
Cresce no meio daquele verde,
Cresce verde, cresce junto dela.
Na linha do tempo me achei
Perdido nos teus longos laços.
Perdi-me para me encontrar
Assim deitado em teus braços.
Karau_Timur, 2007
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