Apenas um retrato da sociedade, ou parte da sociedade cinzenta e vazia.
Quando vier o sol, o meu desejo é que tu e eu não sejamos corações de pedra ou nuvens de poeira, mas pessoas plenas neste mundo vazio de tantas coisas.
Quando vier o sol, o meu desejo é que tu e eu não sejamos corações de pedra ou nuvens de poeira, mas pessoas plenas neste mundo vazio de tantas coisas.
Correr no vazio
Sopra uma brisa e faz frio.
As folhas de outono se desprendem.
Passam nuvens carregadas
De pessoas cinzentas e despidas.
Ficam caras carregadas e tristes.
Os pássaros não têm abrigo.
Asas molhadas, ninhos desfeitos.
Rasgos de sol não aquecem
Pessoas frias e encharcadas.
Ninguém consegue voar.
Pelas ruas não se vêem caras.
No chão procuram as lágrimas
Por entre gotas de chuva.
Andam já curvados à terra,
Quais maciços de pó.
Entram em caixotes de betão,
Procurando pão e abrigo.
Encontram papeis cinzas,
Arquivos e pastas em branco.
Bolsos vazios, vidas vazias.
A cidade não para e não perdoa.
Foge-se-lhes o tempo e o alento,
Aí perdem sonhos e ninhos.
Olhar para cima é perder o chão,
É não saber por onde andar.
Quando vier a luz do sol
Alguns serão nuvens de poeira,
Corações petrificados ou fósseis.
Na luz e à luz de todos os esmorecidos
Haverá sempre alguém a correr no vazio.
Karau_Timur, Almeria, 30-03-2006
Sopra uma brisa e faz frio.
As folhas de outono se desprendem.
Passam nuvens carregadas
De pessoas cinzentas e despidas.
Ficam caras carregadas e tristes.
Os pássaros não têm abrigo.
Asas molhadas, ninhos desfeitos.
Rasgos de sol não aquecem
Pessoas frias e encharcadas.
Ninguém consegue voar.
Pelas ruas não se vêem caras.
No chão procuram as lágrimas
Por entre gotas de chuva.
Andam já curvados à terra,
Quais maciços de pó.
Entram em caixotes de betão,
Procurando pão e abrigo.
Encontram papeis cinzas,
Arquivos e pastas em branco.
Bolsos vazios, vidas vazias.
A cidade não para e não perdoa.
Foge-se-lhes o tempo e o alento,
Aí perdem sonhos e ninhos.
Olhar para cima é perder o chão,
É não saber por onde andar.
Quando vier a luz do sol
Alguns serão nuvens de poeira,
Corações petrificados ou fósseis.
Na luz e à luz de todos os esmorecidos
Haverá sempre alguém a correr no vazio.
Karau_Timur, Almeria, 30-03-2006
Sem comentários:
Enviar um comentário